Descrição
Sentei-me junto a ela acariciando a madeira de cerne distinto em tom caramelo. Queria poder ouvir tudo o que ela dizia. Meus dedos delicadamente percebiam a idade nos raios bem marcados. Quantas impressões lavradas por um delicado cinzel. Não eram poucas as reentrâncias dos poros, dos desenhos em flor daquela peça maciça de carvalho. Os anéis moravam ali há muito tempo, compondo histórias de recomeços e separações. A textura não uniforme, como a própria alma, aspergia tanino sobre minha curiosa carne. Perguntei ao dono do antiquário: – Está à venda?